Abelha pousada em uma flor, cujas capacidades cognitivas surpreendentes, como aprender padrões complexos, foram reveladas em novo estudo.

Inteligência das Abelhas: Estudo Revela que Elas “Leem” Padrões Complexos Como Código Morse

O Bom do Mundo

dezembro 3, 2025

Quando pensamos em gênios do reino animal, a lista de suspeitos usuais sempre inclui golfinhos, chimpanzés ou corvos. Insetos, com seus cérebros minúsculos do tamanho de uma semente de gergelim, raramente entram nessa conversa. Mas um novo estudo acaba de virar essa suposição de cabeça para baixo, provando que a inteligência das abelhas é infinitamente mais sofisticada do que a ciência imaginava.

Pesquisadores descobriram que as abelhas (especificamente a espécie Bombus terrestris) possuem uma capacidade cognitiva que, até agora, acreditávamos ser exclusiva de humanos e vertebrados superiores: a habilidade de aprender, memorizar e reconhecer padrões abstratos complexos, comparáveis a um “código Morse” visual simplificado.

Não se trata apenas de instinto ou reflexo. Estamos falando de raciocínio lógico em um cérebro que cabe na ponta de um alfinete.

O Teste: Ensinando Abelhas a “Ler”

Para testar os limites da inteligência das abelhas, os cientistas desenharam um experimento que faria muitos mamíferos falharem. Eles não usaram o código Morse literal (pontos e traços sonoros), mas sim uma versão visual baseada em cores e sequências lógicas.

O experimento funcionou como um jogo de quebra-cabeça avançado:

  1. O Labirinto: As abelhas foram colocadas na entrada de um labirinto em forma de Y.
  2. O Código: Em cada saída, havia um padrão visual. Por exemplo, a saída da esquerda exibia a sequência “Azul-Amarelo-Azul” (Padrão A-B-A), enquanto a direita exibia “Azul-Azul-Amarelo” (Padrão A-A-B).
  3. A Regra Abstrata: Apenas o padrão simétrico (A-B-A) levava a uma recompensa de água com açúcar.

O surpreendente não foi elas aprenderem a associar a cor à comida (isso já sabíamos que elas faziam). O choque real veio na segunda fase. Os cientistas mudaram as cores, mas mantiveram a lógica.

Eles apresentaram sequências como “Vermelho-Verde-Vermelho”. Mesmo nunca tendo visto essas cores no treinamento, as abelhas “leram” a lógica da simetria e escolheram o caminho certo. Elas não decoraram a cor; elas entenderam o conceito de padrão.

Hardware Mínimo, Software Máximo

Por que isso é revolucionário? Entender sequências e padrões lógicos é a base da linguagem humana e da matemática. Até hoje, neurologistas acreditavam que esse tipo de processamento exigia um córtex cerebral grande, denso e cheio de dobras, como o nosso.

A inteligência das abelhas prova que é possível fazer cálculos mentais avançados com um “hardware biológico” minimalista. O cérebro de uma abelha tem cerca de 1 milhão de neurônios. O humano tem 86 bilhões. No entanto, a eficiência com que elas usam esses poucos neurônios é algo que a engenharia da computação tenta imitar hoje.

Estudos adicionais da Queen Mary University of London sugerem que essa densidade neural permite que elas não apenas resolvam problemas, mas aprendam observando umas às outras, uma forma primitiva de transmissão cultural.

O Que Elas Estão Pensando?

Essa descoberta muda fundamentalmente a forma como vemos a evolução da mente. Se um inseto pode resolver problemas lógicos, o que mais eles estão “pensando” enquanto voam de flor em flor?

Não é um caso isolado. Estamos vivendo uma era de ouro na descoberta da cognição animal. Recentemente, descobrimos que baleias possuem um alfabeto fonético, como detalhamos no artigo sobre as baleias cachalote e seu alfabeto completo. Seja no fundo do oceano ou no jardim da sua casa, a natureza está cheia de conversas e pensamentos que só agora começamos a decifrar.

Protegendo Gênios Alados

Além da curiosidade científica, este estudo carrega um peso ambiental urgente. Saber que a inteligência das abelhas vai além do automatismo torna a sua proteção uma questão ética.

Elas não são apenas “drones biológicos” programados para polinizar; são criaturas sencientes, capazes de aprender, sentir frustração (sim, estudos mostram que elas ficam pessimistas após experiências ruins) e tomar decisões complexas.

Em um mundo onde as populações de polinizadores estão em declínio drástico devido a pesticidas e perda de habitat, reconhecer a sua inteligência é o primeiro passo para mudarmos nossa atitude. Quando você vir uma abelha no seu jardim, lembre-se: ela não está apenas voando aleatoriamente. Ela está analisando, calculando e resolvendo problemas. É um pequeno gênio trabalhando para manter o mundo vivo.

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