Por quase um século, o tesouro mais famoso da antiguidade esteve fragmentado. Desde que Howard Carter descobriu a tumba do Faraó Tutancâmon em 1922, as mais de 5.000 peças de ouro, alabastro e pedras preciosas nunca foram exibidas juntas em um único lugar. Elas estavam espalhadas por depósitos, museus antigos no Cairo ou em turnês mundiais.
Mas a espera acabou. Em um evento que o mundo aguardava há mais de 20 anos, o Grande Museu Egípcio (GEM) finalmente abriu suas portas para o público.
Localizado a apenas dois quilômetros das Grandes Pirâmides de Gizé, este não é apenas um prédio novo. É o maior museu arqueológico do mundo dedicado a uma única civilização. É uma catedral moderna de 1 bilhão de dólares construída para abrigar a alma do Egito Antigo.
E a joia da coroa é, sem dúvida, o Rei Menino. Pela primeira vez na história, os visitantes poderão ver a coleção completa de Tutancâmon — de sua famosa máscara mortuária de ouro até suas sandálias e roupas íntimas de linho — exposta em uma narrativa contínua e majestosa.
Uma Obra Faraônica do Século 21
A construção do GEM foi uma saga digna dos próprios faraós. Anunciado em 2002, o projeto enfrentou revoluções políticas, crises econômicas e uma pandemia global. Muitos duvidaram que ele ficaria pronto.
Mas, conforme detalhado na cobertura da CNN Travel sobre a abertura das galerias principais, o resultado valeu a espera.
O design do museu é uma ponte entre o passado e o futuro. A fachada é coberta por alabastro translúcido e desenhada com triângulos que ecoam as pirâmides vizinhas.
Ao entrar no átrio gigantesco, o visitante é recebido por uma estátua de Ramsés II de 3.200 anos e 11 metros de altura. A escala é feita para fazer você se sentir pequeno, exatamente como os antigos templos de Luxor faziam.
O Tesouro de Tutancâmon: O Resgate da História
Por que isso é tão importante? Porque o antigo Museu do Cairo, na Praça Tahrir, embora charmoso, estava superlotado e sem tecnologia para preservar artefatos tão delicados.
No GEM, a tecnologia de ponta garante que esses objetos sobrevivam por mais alguns milênios. O novo espaço dedicado a Tutancâmon tem 7.000 metros quadrados.
Além do ouro, o museu conta a história da vida cotidiana no Egito. É uma chance de entender uma sociedade que, assim como a civilização perdida que descobrimos recentemente na Amazônia usando lasers LiDAR, era infinitamente mais complexa e avançada do que imaginávamos.
Mais do que um Museu, um Destino
A abertura do GEM não muda apenas o turismo no Egito; muda a economia do país. O complexo inclui centros de conferência, cinemas 3D, 28 lojas, restaurantes e jardins que conectam o museu ao planalto das pirâmides.
A ideia é que o turista não venha apenas para ver “coisas velhas”, mas para ter uma experiência imersiva.
Uma das características mais poéticas da arquitetura é uma janela panorâmica gigante no final da galeria principal. Ela foi desenhada para enquadrar perfeitamente as três Grandes Pirâmides lá fora. O visitante pode olhar para um sarcófago dentro da sala e, ao levantar os olhos, ver o túmulo original onde aquele rei foi enterrado há 4.500 anos.
O Grande Museu Egípcio é a prova de que a história não está morta. Ela está apenas mudando de casa. E, desta vez, é uma casa à altura dos seus reis.
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